Tradicionalmente, no Vale da Carreira, principalmente durante as tardes dos domingos e dias-santos, os jovens preenchiam o tempo e divertiam-se de muitas maneiras: jogando, cantando, correndo, bailando, etc.
Dos jogos, alguns eram feitos com rapazes e raparigas, dos quais saliento: o ringue, as prendas, o podão (apanhada), as escondidas, etc. Outros eram exclusivos dos rapazes: jogar à bola, ao moucho (bilharda), à porca-russa, ao fito, à malha, ao espeto, correr com a roda (com guiador de arame ou de pau), montar os carneiros, subir e descer nas árvores, ir aos ninhos, etc. Apenas as raparigas jogavam à semana, pedrinhas, etc.
Os mais velhos, às vezes improvisavam bailes, ao som de realejo (gaita de beiços) ou música de rádio, gravador, etc., onde dançavam a pares. Outros cantares, danças e rodas eram muito genuínos e típicos da nossa aldeia (ver outra página do blogue).
A brincadeira era divertidíssima e muito animada, fazendo frequentemente a inveja das aldeias vizinhas. Havia quem passasse, via as pessoas a ocupar assim o tempo e depois comentasse que a gente do Vale da Carreira quase não trabalhava! Ora, a verdade é que, nos dias de Verão, o calor é tanto que se torna imperativo as pessoas resguardarem-se à sombra, indo trabalhar nos campos apenas “pela fresca” (ao início da manhã e ao fim da tarde). Por outro lado, devido à sua religiosidade, sempre se “respeitava os dias do Senhor”: aos Domingos e dias-santos não havia quaisquer trabalhos nos campos. E mesmo o gado (rebanhos) era frequentemente alimentado apenas nos currais, nesses dias…
Toda essa “azáfama” de diversão era muito salutar: desgastavam-se energias, praticava-se exercício físico e promovia-se o relacionamento interpessoal, de tal forma que não havia lugar a inimizades, todos se conheciam e conviviam quase como irmãos.
Bons velhos tempos!
Bons velhos tempos!
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