Na nossa aldeia, durante as noites sem nuvens, principalmente no verão, na altura das desencamisadas, ou quando se permanecia bastante tempo fora de casa ao fresco, ou ainda quando se ia caminhando, um dos temas de conversa muito abordado pelos nossos antepassados era relativo ao céu (firmamento), com as suas diversas fontes de luz: estrelas, planetas, constelações, etc.
A fraca luminosidade no meio rural (ainda mais pronunciada antigamente, sem energia eléctrica) ajuda a ver o céu (firmamento), melhor se distinguindo nele os diversos objectos luminosos.
A Via Láctea ou "Estrada de Santiago".
Bem conhecida dos antigos era a "Estrada de Santiago": parece um rasto de inúmeros pontos pequenos, ao qual pertence a Terra e o Sistema Solar: é a nossa galáxia, ou "Via Láctea". Os antigos normalmente não sabiam isso, mas os estudantes que começavam a aprender Astronomia (na disciplina de Geografia, creio), esclareciam-nos, dando mais umas dicas... Aproveitavam também para explicar a diferença entre os diversos pontos luminosos do céu: as estrelas (com luz cintilante), que são em muito maior quantidade que os planetas (de luz fixa).
Falava-se também de "estrelas cadentes" (meteoritos ou meteoroides, que ao entrarem na atmosfera terrestre, se fragmentam e ardem, mas em alguns casos chegam a atingir a Terra, com alguma violência - veja-se o caso recente na Rússia, com mais de mil feridos, (próximo de Chelyabinsk), bem como outro na Sibéria, em 1908 (Tunguska). E também de cometas (astros raros, compostos de núcleo, cabeleira e cauda - esta sempre na direção oposta ao Sol), assim como dos eclipses e como se formavam. Quando se via algum ponto luminoso a passar depressa, falava-se da possibilidade de ser um avião ou um satélite, já que os últimos começaram a ser lançados, a partir do fim da década de 1950 e início da de 1960...
Cometa.
Estrela cadente.
Existem ainda os
asteroides, que
são corpos rochosos e metálicos, que possuem órbita definida ao redor do Sol. São semelhantes aos meteoros, porém em dimensões bem maiores, possuindo forma e tamanhos indefinidos, mas têm geralmente a dimensão de algumas centenas de quilómetros. (Já que neste ano se podem observar vários cometas e asteroides, veja o artigo de 07jan2013)
Asteroide.
Quanto aos agrupamentos de estrelas, as chamadas constelações (atualmente são consideradas 88 pela União Astronómica Internacional), muito faladas eram a Ursa Maior (também chamada de carro, arado, caçarola) e a Ursa Menor. Explicava-se como, a partir da Ursa Maior se achava o Norte, descobrindo a Estrela Polar, a última da cauda da Ursa Menor.
Outras constelações que todos aprendíamos a localizar no céu eram: o Orion (quadrilátero com mais 3 estrelas, muito próximas e alinhadas no seu centro - as "Três Marias") e a Cassiopeia (tem a forma dum W).
Eis um outro conjunto de estrelas, o "
Sete-Estrelo" (também conhecido por "
Sete Irmãs"), muito próximas umas das outras (hoje em dia, sabe-se que são muito mais de sete), o que confere ao conjunto um brilho grande, azulado, diferente do geral. São universalmente mais conhecidas por "
Plêiades" "ou Aglomerado Estelar M45" - ver
http://www.guia.heu.nom.br/pleiade.htm - e pertencem à constelação de "Touro".
O Aglomerado M45 ou "Sete-Estrelo".
O "Sete-Estrelo" ampliado por telescópio.
Os planetas mais próximos de nós (Marte, Vénus, Mercúrio, Júpiter) são muitas vezes visíveis, embora não seja fácil identificá-los. Próximo do anoitecer e do amanhecer vê-se perfeitamente um dos planetas mais próximos de nós: Vénus, chamado de "estrela da manhã", "estrela da tarde" ou "estrela do pastor".
O planeta Vénus (e, à direita, o planeta Mercúrio).
Quanto ao satélite natural da Terra, a Lua, também havia muitas conversas em seu redor: além dos eclipses, falava-se na lenda das suas manchas: "Uma vez, andava um homem a trabalhar ao Domingo, apanhando silvas. Deus apareceu-lhe e perguntou porque trabalhava aos domingos. Respondeu ele que o fazia porque ninguém o via naquele canto isolado. Retorquiu o Senhor que, a partir daí, toda a gente o iria ver. E Deus colocou na Lua o homem, com o molho de silvas às costas". A isso se deviam as suas manchas... Na verdade, elas são mares ou planícies de solo escuro, formados outrora pela lava que brotou dos vulcões lunares...
A Lua e suas "manchas".
As crateras da Lua, vistas com telescópio.
Uma grande cratera na Lua.
Eclipse parcial da Lua.
No que diz respeito aos eclipses, os mais vistosos e atraentes são os totais do Sol! É que a Lua encobre completamente, e de forma quase perfeita. o Sol, deixando em seu redor uma auréola brilhante. Outros também espectaculares são os híbridos do Sol: numa parte da Terra são vistos como totais e noutras como anelares (ou anulares). Mas tanto uns como outros, são apenas presenciados em estreitas faixas ao longo da Terra, pelo que são muito raros... Seguem fotos de alguns:
Eclipse total do Sol.
Eclipse anelar/anular.
Eis agora uma imagem da Lua, com o planeta Júpiter próximo (foto tirada em 02jan2012, dia a seguir a Quarto Crescente):
A “Super Lua Cheia" de 2013:
A fase de Lua Cheia acontece próxima do perigeu só uma vez por ano e em 2013, acontece no dia 23 de Junho. (..) Por isso, a Lua estará mais exuberante por atingir a distância mínima da Terra em fase de Lua Cheia. O disco lunar terá um tamanho aparente 14% maior e será 30% mais brilhante do que a Lua no apogeu.
Tamanhos relativos da Lua no apogeu e no perigeu.
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No final de fev. e início de mar/2023, tem despertado a curiosidade geral a visão próxima dos dois planetas mais visíveis, a olho nu: Vénus e Júpiter. As redes sociais encheram-se de fotos do assunto. Eis algumas:
A Lua está também presente, acima
ou abaixo dos referidos planetas,
nas três fotos anteriores.
Nestas duas últimas fotos, notam-se bem
quatro dos satélites de Júpiter.
De tempos a tempos, esta situação acontece, tal como em 2015, em que se chegaram a sobrepor:
Em 2022:
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Curiosidade acrescentada em 16mar2023: é só para lembrar que tudo está em movimento. Vejam só as velocidades relativas de rotação e translação da Terra, translação do Sol na Via Láctea e desta no "espaço sideral":
(...)
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OBS.:
1. Para quem quiser explorar um pouco mais e ver a posição das estrelas, constelações, etc., ao longo do ano, e dado que o "AstroViewer Online" deixou de funcionar, tente usar uma aplicação como as recomendadas em:
http://www.sp-astronomia.pt/node/642
2. Eclipses - Em média, ocorrem 4 a 5 eclipses por ano, mas nem metade deles são visíveis em Portugal. Os mais espectaculares são os Totais, do Sol ou da Lua! Em Portugal, o último observado foi o Total da Lua, em 27jul.
Como é lógico, os eclipses do Sol ocorrem de dia, e os da Lua, de noite...
Os eclipses andam sempre agrupados (a 2 ou mesmo 3, mais raramente), ocorrendo com 14 ou 15 dias de intervalo, e alternando entre do Sol e da Lua...
3. Alguns dos próximos eclipses totais e/ou anelares do Sol (os mais espectaculares):
- 02jul2019 (América do Sul - Argentina/Chile)
- 14dez2020 (América do Sul - Argentina/Chile)
- 14out2023 (Américas)
- 12ago2026 (Europa - da Pen. Ibérica, até à Gronelândia - e Ártico)
- 06fev2027 (Costa Este do Brasil)
- 02ago2027 (desde o Índico até ao SW da Europa)
- 26jan2028 (da Pen. Ibérica até ao Norte da América do Sul)
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Actualizado em 04mar2023
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