domingo, 20 de janeiro de 2013

O mau tempo do sábado, dia 19jan2013...

"Depois da  tempestade vem a bonança", diz o provérbio. E confirmou-se: tivemos hoje um dia com pouco vento, embora ainda com chuva...
     
     O dia 19jan2013 fica marcado por um temporal enorme, de norte a sul, com muitos prejuízos contabilizados ou a contabilizar ainda. Apresento aqui alguma informação sobre o que aconteceu. Provavelmente, no futuro surgirão informações mais rigorosas sobre a situação vivida neste terrível dia de sábado, em Portugal Continental... (Por isso, estes dados não têm grande exactidão ou rigor. Tal poderá suceder nos estudos que o IPMA - "ex. IM" -  venha a realizar/divulgar...)

     A aproximação e passagem duma depressão intensa, na fase de "ciclogénese explosiva" (com pressão atmosférica em rápido cavamento/decréscimo), vinha sendo prevista nos diversos modelos de previsão... Embora a situação tenha ainda sido um pouco mais severa do que indiciavam a generalidade das previsões/modelos (nalguns casos, o erro foi de quase 10 hPa), suponho que não houve maiores fatalidades pelo facto de os avisos meteorológicos e da Protecção Civil terem sido atempados... (Ou ainda pelo facto de ter ocorrido num fim de semana - ?! -...)


Avisos do IPMA.

     Ainda assim, há a lamentar 1 morto, vinte e tal feridos, quase 50 desalojados e imensas situações de destruição, tanto em terra como na zona costeira. Vários voos foram afectados com atrasos e aviões divergiram para outros aeroportos. No mar, vários navios encalharam ou naufragaram... Basta ler/ouvir os "media". Ao que parece, a Autoridade Nacional de Protecção Civil registou mais de 8.000 ocorrências!... 


Problemas no ar, em terra e no mar (fotos Sapo.pt, asbeiras.pt e local.pt)

     Poderemos falar dum ciclone? Sem prejuízo de novos dados e revelações que venham a ser feitos pelas autoridades competentes, eu considerá-lo-ia como tal. Desde fevereiro de 1941, que Portugal Continental não era atingido por uma depressão com valor tão baixo. O centro penetrou no Minho ao princípio da manhã e deslocou-se de WNW para ESE, atravessou a região do Douro, tendo entrado em Espanha ainda antes do meio dia...


Trajecto estimado do ciclone.

     Comecemos por ver a imagem do satélite de órbita polar NOAA-19, das 02:28 do dia 19 - (a letra L indica a posição de Lisboa, aprox.):


     Já nessa imagem se notava o típico formato (gancho) das depressões em cavamento rápido (também conhecido por "ciclogénese explosiva"). E daí até às 06 horas, acentuou-se o centro-imagem do ciclone. A partir daí, começou a mistura de massas de ar no centro e a depressão deixou de cavar.

     Em termos de vento, o máximo de actividade sentiu-se ao longo da manhã, com muitas rajadas entre os 100 e os 140 km/h. A precipitação mais intensa verificou-se durante a noite e atingiu valores apreciáveis (entre 40 e 70 mm, em 12 horas). A seguir estão imagens de satélite que mostram o evoluir e deslocação do mesmo, de 6 em 6 horas.

00 H

 06 H

 12 H

18 H

     Estes ciclones extra-tropicais não têm as mesmas características dos tropicais, mas deixam bem a sua marca, principalmente com ventos fortes a muito fortes  e com rajadas violentas, quando o gradiente da pressão é muito grande. No presente caso, a diferença de pressão entre o Minho e o Algarve chegou a ser de cerca de 25 hPa, enquanto que na maior parte das depressões ou vales depressionários que nos atingem, costuma ser da ordem de até 10 hPa. Por tudo isto, não me recordo de ter observado uma depressão tão forte a atravessar o continente. A pressão reportada no Porto/Pedras Rubras, às 07h e 07h30, foi de 969 hPa! Mas no seu centro, quando atingiu o Minho, os valores foram ainda inferiores. Estimo que o seu valor mais baixo tenha sido entre as 06 e as 08 horas, com cerca de 966/967 hPa - (O IPMA registou 968,2 hPa em Viana do Castelo).

Imagem satélite da Univ. Wisconsin-Madison (CIMSS).
Gráfico da pressão em Pedras Rubras, do site do IPMA.

     Eu apenas tinha passado por uma experiência semelhante a esta. Nos Açores - creio que em fev1989 - uma depressão tão explosiva como esta, atravessou o Grupo Central do arquipélago com tal violência que, na Base das Lajes, a pressão atmosférica foi de cerca de 955 hPa...


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(Veja mais provérbios, no artigo de 09mai2011...)

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