sábado, 30 de abril de 2011

Valha-nos Santa Bárbara!

Agora que estamos no período em que são mais frequentes as trovoadas, sobretudo no interior de Portugal continental (Abril/Maio/Junho), lembrei-me de escrever sobre Santa Bárbara, tida como protectora contra as trovoadas...

Lembro-me de, em pequeno, ver a minha mãe atarefada a fazer fogueira e queimar alecrim (e/ou ramos de oliveira), ao mesmo tempo que rezava a Santa Bárbara, sempre que surgia uma grande trovoada...

Valha-nos Santa Bárbara, Santa Bárbara nos livre desta tormenta, ou outras frases parecidas eram proclamadas com fé, pedindo à santa protecção contra os relâmpagos e as trovoadas.

Esta santa é venerada tanto pela Igreja Católica como pela Igreja Ortodoxa. Na Liturgia da Igreja Católica, o dia de Santa Bárbara é comemorado a 4 de Dezembro. Ela é tida como a padroeira de muitos ofícios, nomeadamente dos que trabalham com o fogo (bombeiros, fogueteiros, artilheiros, mineiros, pirotécnicos, electricistas, etc...) e também dos ligados à construção (arquitectos, pedreiros, carpinteiros, etc...).
   
    
Nas imagens, é geralmente apresentada como uma virgem, alta, majestosa, com uma palma, significando o martírio, um cálice como símbolo da sua protecção em favor dos moribundos e uma espada, instrumento da sua morte.

Por ter sido (ou ser ainda) uma santa muito venerada, o seu nome está ligado a muitos locais. Aponto, por exemplo:

Em Portugal:

- Santa Bárbara, freguesia e serra do concelho de Angra do Heroísmo;
- Santa Bárbara, lugar do concelho das Lajes do Pico;
- Santa Bárbara, freguesia do concelho de Ponta Delgada;
- Santa Bárbara, freguesia do concelho da Ribeira Grande,
- Santa Bárbara, freguesia do concelho da Vila do Porto;
- Santa Bárbara, freguesia do concelho da Lourinhã;
- Santa Bárbara de Nexe, freguesia do concelho de Faro;

No Brasil:

- Santa Bárbara d'Oeste, município do estado de São Paulo;
- Santa Bárbara, município do estado de Minas Gerais;
- Santa Bárbara, município do estado da Bahia;
- Igreja de Santa Bárbara, em Salvador, estado da Bahia;
- Santa Bárbara, bairro da cidade fluminense de Niterói;
- Santa Bárbara, bairro/favela em Palmas, Tocantins;
- Santa Bárbara, bairro de Cariacica, no estado do Espírito Santo;
- Ilha de Santa Bárbara, no arquipelágo de Fernando de Noronha, no estado de Pernambuco;
- Águas de Santa Bárbara, cidade do estado de São Paulo;
- Santa Bárbara do Sul, município no estado do Rio Grande do Sul;
    
Em Cabo Verde:

- Santa Bárbara, freguesia na Ilha de Brava;

No Chile:

- Santa Bárbara, comuna localizada na província de Biobío;

Na Colômbia:

- Santa Bárbara, município no departamento de Antioquia.

Outro locais se poderiam indicar, por exemplo, na Costa Rica, nos Estados Unidos da América (Califórnia), na Guatemala, nas Honduras, no México, na Venezuela...

História/Lenda de Santa Bárbara:

Segundo as tradições católicas, Bárbara foi uma jovem nascida na cidade de Nicomédia (actualmente Izmit), na Turquia, nos fins do século terceiro da era cristã. Era a filha única de um rico e nobre habitante desta cidade do Império Romano, chamado Dióscoro. Com receio de deixar a filha no meio da sociedade corrupta daquele tempo, o pai decidiu fechá-la numa torre. Por ser muito bela e, acima de tudo, rica, não lhe faltavam pretendentes para casamento, mas Bárbara não aceitava nenhum.

Desconcertado diante da cidade, Dióscoro estava convencido de que as "desfeitas" da filha se deviam ao facto dela ter ficado trancada muitos anos na torre. Então, ele permitiu que ela fosse conhecer a cidade. Durante essa visita, ela teve contacto com cristãos, que lhe contaram sobre os ideais de Jesus, sobre o mistério da união da Santíssima Trindade. Pouco tempo depois, um padre vindo de Alexandria deu-lhe o Baptismo.

Em certa ocasião, o seu pai "decidiu construir uma casa de banho com duas janelas para Bárbara. Todavia, dias mais tarde, ele viu-se obrigado a fazer uma longa viagem. Enquanto viajava, a filha ordenou a construção duma terceira janela na torre, visto que a casa de banho ficaria na torre. Além disso, ela esculpira uma cruz sobre a fonte".

Quando o pai voltou, "reparou que a torre onde tinha trancado a filha tinha agora três janelas, em vez das duas que ele mandara abrir. Ao perguntar à filha o porquê das três janelas, ela explicou-lhe que isso era o símbolo da sua nova fé. Este facto deixou-o furioso, pois ela se recusava a seguir a fé dos Deuses do Olimpo".

"Debaixo de um impulso", como alegam as tradições, "e obedecendo à sua fé, o pai denunciou-a ao Prefeito Martiniano. Este mandou-a torturar, numa tentativa de a fazer mudar de ideias, o que não aconteceu. Foi então condenada à morte por degolação".

Depois de lhe cortarem os seios, foi conduzida para fora da cidade, onde o seu próprio pai a executou, degolando-a. Quando a cabeça de Bárbara rolou pelo chão, um imenso trovão ribombou pelos ares, fazendo tremer os céus e um relâmpago fulminou o seu pai Dióscoro. - (adaptado da Wikipedia)

A reza (ou oração) à santa assume diversas formas, umas mais abreviadas do que outras. Numa pesquisa que fiz, encontrei, por exemplo:

Santa Bárbara bendita,
Que no céu está escrita
Com papel e água benta
Espalhai esta tormenta.

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Santa Bárbara bendita,
Que no céu está escrita
E na terra assinalada
Com papel e água benta
Quantos anjos há no céu
Acompanhem nossas almas
Espalhem esta tormenta.

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Santa Bárbara bendita,
Que no céu estais escrita
Com papel e água benta
Livrai-nos desta tormenta.

Espalhai-a lá para bem longe
Onde não haja eira nem beira
Nem raminho de oliveira
Nem raminho de figueira.

Nem mulheres com meninos
Nem ovelhas com borreguinhos
Nem vacas com bezerrinhos
Nem pedrinhas de sal
Nem nada a que faça mal.
Amém!


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Santa Bárbara, que sois mais forte
que as torres das fortalezas
e a violência dos furacões,
fazei que os raios não me atinjam,
os trovões não me assustem
e o troar dos canhões não me abalem
a coragem e a bravura.
Ficai sempre ao meu lado para que
possa enfrentar de fronte erguida
e rosto sereno todas as tempestades
e batalhas de minha vida, para que,
vencedor de todas as lutas,
com a consciência do dever cumprido,
possa agradecer a vós,
minha protetora, e render graças a Deus,
criador do céu, da terra e da natureza:
este Deus que tem poder de dominar
o furor das tempestades e abrandar
a crueldade das guerras.
Por Cristo, nosso Senhor.
Amém! (ou: Santa Bárbara, rogai por nós!)

terça-feira, 12 de abril de 2011

Participação na III Feira das Sopas e do Maranho

Através da sua Associação LAVRAR, a aldeia participou na 3.ª Feira das Sopas e do Maranho, que teve lugar nos dias 9 e 10 de abril (fim de semana), em Proença-a-Nova.

Em primeiro lugar, é justo e oportuno expressar o nosso muito obrigado a todos os que se empenharam na realização do evento. No caso dos valecarreirenses, agradecemos especialmente às nossas incansáveis e prestáveis mulheres, que, apesar de poucas, nos deleitaram com magníficas iguarias. E ao sempre dedicado Jorge Alves, Tesoureiro da LAVRAR, bem como ao António Joaquim ("Lavrador"), que se dedicou ao transporte dos produtos "mais delicados e sensíveis"!

De facto, elas empenharam-se em preparar as sopas, maranhos, pão, tigeladas, filhós, etc, de acordo com as receitas típicas. Aqui se recordam alguns dos momentos da preparação dos "petiscos", bem como do ambiente da feira, que teve lugar no Pavilhão Municipal.

Como se refere no artigo publicado no "site" do nosso município (http://www.cm-proencanova.pt/noticias/index.asp?IDN=1297&op=2), participaram nesta feira "seis associações e três casas comerciais". "No sábado à noite a animação musical esteve a cargo do acordeonista e organista Gilberto Neves, enquanto na tarde de domingo subiram ao palco 'Os Amigos da Concertina'”.   

Agradecemos ainda aos dirigentes/vereadores municipais o convite para a participação e algumas dádivas (taças para as sopas, caçoilos para tigeladas - alguns tinham sobrado de anteriores feiras). Da nossa parte, esperamos poder voltar a participar em próximos certames do género, apesar do esforço para a concretização estar a ser cada vez maior para os habitantes da aldeia, que "são poucos e quase sempre os mesmos!"...

E obrigado também a todos os que nos honraram com a sua visita, dando o seu contributo para a obtenção de mais uma pequena verba, que esperamos venha a ser mais um contributo para a construção da futura sede da nossa querida Associação LAVRAR. (Criada há cerca de 11 anos, ainda não tem uma sede própria, coitadinha!... - Não há por aí quem nos faça um substancial donativo?...)  
    
Seguem fotos alusivas ao evento:

A feitura do pão:
 


As sopas (falta aqui o 'caldo verde'):



As filhós e tigeladas:



À nossa volta:





E sempre com animação musical:

(Nota: fotos de amador, como se vê!...)