A tarefa de desencamisar aparece, pois, já quase no fim desse ciclo. Mas quem não gosta(va) de se juntar ao grupo, nas desencamisadas? Mais uma vez, era altura de se manifestar o espírito de entreajuda (e de comunidade) das pessoas da nossa aldeia. Ao redor do monte de espigas, sentados em bancos ou no chão, dá-se aos braços, separando, uma a uma, as espigas dos camisos (folhos ou samarros). Os camisos são deitados para o chão e afastados gradualmente para trás, enquanto as espigas são colocadas em cestos e levadas para a eira (ou um local livre, plano), onde vão estar a secar, ao sol, por algum tempo.
Também era frequente a desencamisada acabar com a partilha de uma melancia (ou mais), algumas vezes colocada, antecipadamente, pelo dono, debaixo do monte de espigas, para servir de surpresa aos que deram o contributo...
Toda a tarefa acabava por constituir também um agradável convívio, de sã camaradagem e de comunitarismo entre as pessoas da aldeia.
A debulha antiga era feita com moueiras (manguais), instrumentos feitos de dois pedaços de madeira (unidos por uma tira de couro), o mais curto e grosso dos quais era arremessado fortemente, de cima para baixo, sobre o cereal a malhar. Às vezes, também se usavam os fueiros dos carros. Batiam-se, assim, as espigas, para separar o máximo de grãos dos "sabugos" ("maçarocas").
Depois, à mão, separavam-se alguns grãos restantes. Se possível, a malha devia ser feita dentro de casa (ou numa chamada "casa de milho"), para não se perderem os grãos que saltavam.
A última tarefa consistia em transportar os camisos para os palheiros, em carroças ou dentro de panos, para aí serem guardados, antes de virem as primeiras chuvas do Outono...
Posteriormente, no final da década de 1960, apareceram as debulhadoras mecânicas, movidas por tractor, fazendo o trabalho mais rapidamente e com menor esforço. (ver "À eira, colmo", de 27jan2010 e a Pág. 11 - Fotos antigas...)
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(Espero um dia acrescentar outras fotos, mesmo que sejam actuais...)