sexta-feira, 9 de junho de 2017

Mais um poema do António Joaquim Alves sobre a aldeia

Olho a ribeira.

Continua a haver maio mas já não há milho
as noras estão sem alcatruzes
a água está parada
o açude mingou.

De olhos fechados vejo gente
escuto o tic-tac das noras
vozes.

Sonho!...

Um rebanho de cabras desce a encosta
os chocalhos
umas mais afoitas acercam-se da horta.

Uma pedra fende o ar
o Manuel Branco está sentado debaixo duma oliveira.

Ao lado o cão faz-se de morto
de olhos abertos.

António Alves
09/06/2017


Foto/ Arranjo - António Alves.
(...nada como uma boa mesa e boa companhia.)