terça-feira, 25 de dezembro de 2012
Então é Natal...
Seguem outros versos, também propícios para a quadra festiva que atravessamos, da autoria de John Lennon e Yoko Ono - (sabe quem foram? Leia, então, aqui: http://en.wikipedia.org/wiki/John_Lennon):
"Então é Natal
E o que você fez?
O ano
termina
E nasce
outra vez.
Então é Natal
A festa cristã
Do velho e do novo
Do amor como um todo.
Então é Natal
E um Ano Novo também.
Que seja feliz quem
Souber o que é o bem.
Então é
Natal
Pro enfermo
e pro são
Pro rico e
pro pobre
Num só
coração.
Então, bom Natal
Pro branco e
pro negro
amarelo e
vermelho
Pra paz,
afinal.
Então, bom Natal
E um Ano Novo também
Que seja feliz quem
Souber o que é o bem.
Então é Natal
E o que a gente fez?
O ano termina
E começa outra vez.
Então é Natal
A festa cristã
Do velho e do novo
Do amor como um todo.
Então é Natal
E um Ano Novo também
Que seja feliz quem
Souber
o que é o bem."segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
É Natal!...
FESTAS FELIZES a todos! A propósito da quadra festiva que vivemos, aqui vão uns versos que ontem descobri, e que me pareceu oportuno publicar. São de Ary dos Santos, poeta e declamador português.
1. Os Amigos:
"Quem faz o Natal para todos nós? São os
amigos
Quem nos dá prazer e dá calor? São os amigos
A quem é que damos a ternura? É aos amigos
A quem é que damos o melhor? É aos amigos
Os amigos são o nosso bolo de Natal
Cada amigo nosso vale mais que um Pai Natal
É um irmão nosso que trabalha no Natal
E com suas mãos faz a diferença do Natal.
O dinheiro pouco importa
O que importa é a verdade
E a prenda mais valiosa
É a prenda da amizade.
Quem faz das tristezas forças
E das forças alegrias
Constrói à força de Amor
Um Natal todos os dias.”
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2. Quando um homem quiser:
"Tu que dormes a noite na calçada de relento
Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
Tu que tens o Natal da
solidão, do sofrimento
És meu irmão amigo
És meu irmão.
E tu que dormes só no pesadelo do ciúme
Numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
E sofres o Natal da
solidão sem um queixume
És meu irmão amigo
És meu irmão.
Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma
vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto
que há no ventre da Mulher.
Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
Tu que inventas bonecas e comboios de luar
E mentes ao teu filho por não os poderes comprar
És meu irmão amigo
És meu irmão.
E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
És meu irmão amigo
És meu irmão.
Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma
vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto
que há no ventre da Mulher.”
domingo, 25 de novembro de 2012
Dias comemorativos
Ao longo do ano, existem muitos dias (ou datas) comemorativos. Aqui deixo apenas alguns:
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Consulte também as ligações:
Dia
de ano novo; dia mundial da paz – 01 de
janeiro;
Dia Mundial da Liberdade – 23 de janeiro;
Dia Mundial da Liberdade – 23 de janeiro;
Dia
dos namorados – 14 de fevereiro;
Dia
internacional da mulher – 08 de março;
Dia
mundial dos direitos do consumidor – 15 de março;
Dia
do pai – 19 de março;
Dia mundial da floresta (da árvore); dia mundial
da poesia; dia mundial para a eliminação da discriminação racial – 21 de março;
Dia mundial da água – 22 de março;
Dia de Páscoa – entre 22mar e 25abr (no primeiro domingo após a primeira Lua Cheia que ocorre
depois do equinócio da primavera, no hemisfério norte, ou do outono, no hemisfério sul. O Carnaval será 47 dias antes) – ver http://vale-da-carreira.blogspot.com/2011/06/datas-da-pascoa-e-carnaval-no-sec-xxi.html
Dia mundial da meteorologia – 23 de março;
Dia
das mentiras – 01 de abril;
Dia mundial da Terra – 22 de abril;
Dia da Liberdade (ou da revolução dos cravos), em Portugal – 25 de abril;
Dia mundial da Terra – 22 de abril;
Dia da Liberdade (ou da revolução dos cravos), em Portugal – 25 de abril;
Dia
do trabalhador – 01 de maio;
Dia
da mãe – primeiro domingo de maio;
Dia internacional da família – 15 de maio;
Dia dos vizinhos – última terça-feira de maio;
Dia mundial do não fumador – 31 de maio;
Dia dos vizinhos – última terça-feira de maio;
Dia mundial do não fumador – 31 de maio;
Dia mundial da criança – 01 de junho;
Dia
de Santo António – 13 de junho;
Dia
de São João – 24 de junho;
Dia
de São Pedro – 29 de junho;
Dia dos avós – 26 de julho;
Dia dos avós – 26 de julho;
Dia
das bruxas (“halloween”) – 31 de outubro;
Dia de todos-os-santos –
01 de novembro;
Dia de São Martinho – 11 de novembro;
Dia de São Martinho – 11 de novembro;
Noite de consoada – 24 de dezembro;
Dia de Natal – 25 de dezembro.
Consulte também as ligações:
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Utilidades
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
Noutros tempos (4 - cont...)
10. O rebanho: buços e barbilhos; o nosso queijo típico (de cabra e/ou ovelha)
Desde pequeno que me lembro dos meus pais terem algumas cabras (a princípio também algumas ovelhas), o mesmo sucedendo com praticamente todas as famílias da nossa aldeia. Cada um ia guardando o seu pequeno rebanho (quase sempre menos de 5 ou 6 cabeças), normalmente isolado do gado dos vizinhos.
Os nossos pais tratavam dos campos e desse gado, com a ajuda dos filhos, aos fins de semana e noutros tempos livres da escola, pelo que iam pastorando mais em redor das suas propriedades. Mas juntavam-se os animais quando era preciso. Por exemplo, quando falecia alguém duma família...
Por isso, foi fácil a certa altura (por volta de 1970) constituir um rebanho único da aldeia, com pastor próprio. Como consequência, aumentou o número de cabeças de gado na aldeia, com alguns a possuírem mais de 10. A par do gradual abandono de cultivo dos campos que se verificou e do aumento de mato, foi possível o gado pastorar até mais longe da aldeia...
A situação manteve-se apenas por cerca duma década: creio que foi por começar a haver falta de pastores ou por eles quererem ganhar além do que era rentável pagar-se. Então, foi decidido continuar com o rebanho único, mas cada dia o guardava uma família, em sistema de rotatividade... Eu próprio cheguei a ir o dia inteiro pelos campos, quando estava de férias ou de fim-de-semana na aldeia. Só não era agradável quando estava mau tempo!
Em qualquer dos casos, dado haver muita diversidade de pasto natural pelos campos (apenas escasseava na parte final dum ou outro verão), sempre os queijos caseiros feitos na nossa aldeia se mostraram muito saborosos e apreciados. Também era devido ao modo paciente e cheio de experiência de todo o processo de fabrico (uso de cardo para coagular/colhar o leite, o cincho/acincho de alumínio, o processo de cura e secagem, a conserva em talhas/potes de azeite, etc.).
O queijo tanto podia ser só de cabra como de mistura (com leite de ovelha, se as houvesse). Enquanto os cabritos (e borregos) eram muito jovens, não se ordenhava as suas mães para fazer queijo. Mas, à medida que eles iam crescendo, iam sendo desmamados (desabituados de se alimentarem só de leite). Começava-se por lhes ir dando umas folhas de hortaliça, enquanto ainda ficavam sem acompanhar o rebanho. Depois, colocava-se-lhes na boca um barbilho (pedaço de pau trabalhado, seguro aos cornos, que possibilitava comer mas não agarrar/chupar nas tetas) ou um buço (pano a tapar a boca). Desse modo se ia começando a aproveitar o leite para fazer o queijo. Passados uns tempos, os cabritos eram vendidos, mortos, ou desabituavam-se do leite.
Quando se fazia o queijo, ao ser apertada a coalhada/colhada no cincho, sobrava aquele soro (almece) tão apreciado por nós para comer com pedaços/sopas de pão! E se ainda contivesse algum "borreguinho" (pedaço de colhada), então ainda melhor. Comia-se fresco, com ou sem açúcar ou mel... Que saudades!!!
Presentemente, quase não há gado na aldeia: creio que apenas 2 famílias ainda têm cabras. Tudo muda, mas os queijos que fazem continuam de qualidade...
Sobre o assunto, muito mais haveria a dizer, talvez noutro artigo adiante... Se alguém se habilitar a escrever, faça favor. Prometendo colocar mais alguma foto, no futuro (sobre queijo, cincho, barbilho...), aqui deixo uma dum rebanho ainda existente (em 2004, tal como agora):
Os nossos pais tratavam dos campos e desse gado, com a ajuda dos filhos, aos fins de semana e noutros tempos livres da escola, pelo que iam pastorando mais em redor das suas propriedades. Mas juntavam-se os animais quando era preciso. Por exemplo, quando falecia alguém duma família...
Por isso, foi fácil a certa altura (por volta de 1970) constituir um rebanho único da aldeia, com pastor próprio. Como consequência, aumentou o número de cabeças de gado na aldeia, com alguns a possuírem mais de 10. A par do gradual abandono de cultivo dos campos que se verificou e do aumento de mato, foi possível o gado pastorar até mais longe da aldeia...
A situação manteve-se apenas por cerca duma década: creio que foi por começar a haver falta de pastores ou por eles quererem ganhar além do que era rentável pagar-se. Então, foi decidido continuar com o rebanho único, mas cada dia o guardava uma família, em sistema de rotatividade... Eu próprio cheguei a ir o dia inteiro pelos campos, quando estava de férias ou de fim-de-semana na aldeia. Só não era agradável quando estava mau tempo!
Em qualquer dos casos, dado haver muita diversidade de pasto natural pelos campos (apenas escasseava na parte final dum ou outro verão), sempre os queijos caseiros feitos na nossa aldeia se mostraram muito saborosos e apreciados. Também era devido ao modo paciente e cheio de experiência de todo o processo de fabrico (uso de cardo para coagular/colhar o leite, o cincho/acincho de alumínio, o processo de cura e secagem, a conserva em talhas/potes de azeite, etc.).
O queijo tanto podia ser só de cabra como de mistura (com leite de ovelha, se as houvesse). Enquanto os cabritos (e borregos) eram muito jovens, não se ordenhava as suas mães para fazer queijo. Mas, à medida que eles iam crescendo, iam sendo desmamados (desabituados de se alimentarem só de leite). Começava-se por lhes ir dando umas folhas de hortaliça, enquanto ainda ficavam sem acompanhar o rebanho. Depois, colocava-se-lhes na boca um barbilho (pedaço de pau trabalhado, seguro aos cornos, que possibilitava comer mas não agarrar/chupar nas tetas) ou um buço (pano a tapar a boca). Desse modo se ia começando a aproveitar o leite para fazer o queijo. Passados uns tempos, os cabritos eram vendidos, mortos, ou desabituavam-se do leite.
Quando se fazia o queijo, ao ser apertada a coalhada/colhada no cincho, sobrava aquele soro (almece) tão apreciado por nós para comer com pedaços/sopas de pão! E se ainda contivesse algum "borreguinho" (pedaço de colhada), então ainda melhor. Comia-se fresco, com ou sem açúcar ou mel... Que saudades!!!
Presentemente, quase não há gado na aldeia: creio que apenas 2 famílias ainda têm cabras. Tudo muda, mas os queijos que fazem continuam de qualidade...
Sobre o assunto, muito mais haveria a dizer, talvez noutro artigo adiante... Se alguém se habilitar a escrever, faça favor. Prometendo colocar mais alguma foto, no futuro (sobre queijo, cincho, barbilho...), aqui deixo uma dum rebanho ainda existente (em 2004, tal como agora):
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
Noutros tempos (3)
9 - O almofariz. As papas de linhaça e outras mezinhas caseiras:
Mas antigamente não era assim: o almofariz era quase um objecto sagrado e o seu uso denotava que havia alguma maleita por perto... Esse utensílio era imprescindível para moer ervas, sementes ou grãos que se usavam nas mezinhas caseiras... A utilização mais comum era para pisar/moer sementes de linhaça e, assim, obter as "papas de linhaça", que eram usadas para combater diversos males, principalmente os ligados à parte respiratória. Usava-se uma cataplasma sobre o peito...
Sabe-se, hoje, que são imensos os benefícios da linhaça: rejuvenescimento, vitalidade física, diminuição de peso, combate anemia, acne e cancro (mama, próstata, cólon, pulmões, etc.), auxilia no equilíbrio hormonal (distúrbios associados à menstruação e menopausa), auxilia o sistema cardiovascular (diminuição do risco de arteriosclerose e redução do mau colesterol - LDL), auxilia no controlo da diabetes (glicemia), beneficia o sistema digestivo (e funcionamento dos intestinos), o sistema nervoso, o sistema imunológico (e doenças inflamatórias), combate a agressividade e a obesidade, produz benefícios na pele e no cabelo…
Lembrei-me agora de mais umas mezinhas do tempo dos nossos pais e avós, a saber:
- Água de malvas para lavar/desinfectar feridas, etc.;
(... se souber de mais alguma, pode ajudar-me...)
Quem não sabe o que é um almofariz? Antigamente, na
aldeia havia um, que pertencia a todas as famílias (em regime
comunitário, à semelhança do que acontecia com outros bens, nomeadamente o alambique, o búzio, a eira, o(s) forno(s), etc.)...
Utensílio feito de bronze (creio), era bastante pesado, sobretudo quando, ainda pequenos, lhe tentávamos pegar! Actualmente, há quem possua instrumentos parecidos (até de porcelana ou madeira), mas os mesmos servem mais para pisar ervas aromáticas e outros condimentos para a cozinha!
Sementes de linhaça.
Sabe-se, hoje, que são imensos os benefícios da linhaça: rejuvenescimento, vitalidade física, diminuição de peso, combate anemia, acne e cancro (mama, próstata, cólon, pulmões, etc.), auxilia no equilíbrio hormonal (distúrbios associados à menstruação e menopausa), auxilia o sistema cardiovascular (diminuição do risco de arteriosclerose e redução do mau colesterol - LDL), auxilia no controlo da diabetes (glicemia), beneficia o sistema digestivo (e funcionamento dos intestinos), o sistema nervoso, o sistema imunológico (e doenças inflamatórias), combate a agressividade e a obesidade, produz benefícios na pele e no cabelo…
Lembrei-me agora de mais umas mezinhas do tempo dos nossos pais e avós, a saber:
- Água de malvas para lavar/desinfectar feridas, etc.;
- Mistura de azeite e vinagre (para feridas, ulcerações e inflamações);
- Folha de couve untada com banha (no pescoço para curar a papeira);
- Fel para tirar farpas das mãos ou pés;
- Panos de água quente;
- Chás de: erva de S. Roberto, erva cidreira, barbas de milho, flor de tília, flor de carqueja, folha de oliveira, laranjeira, etc;
- "Pomada" caseira para os calos;
- "Pomada" caseira para os calos;
- Folhas de eucalipto (queimadas ou simplesmente ao ar);
- Bochechar aguardente para aliviar dores de dentes;
- Embebedar-se com aguardente para suportar mordeduras de escorpião;
- Passar água fria pela testa para estancar hemorragias do nariz;
(... se souber de mais alguma, pode ajudar-me...)
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terça-feira, 31 de julho de 2012
Feira da Tigelada - 2012
Realizou-se, no passado fim de semana (dias 28 e 29jul), mais uma Feira da Tigelada, em Proença. A LAVRAR - Liga dos Amigos do Vale da Carreira participou, com o empenho das já habituais pessoas residentes na aldeia, a quem cabe manifestar os nossos agradecimentos...
No site do Município (www.cm-proencanova.pt), foi publicada notícia com o título "Teatro e história na Feira da Tigelada", da qual transcrevemos uns excertos:
"Realizada no Mercado Municipal, a Feira da Tigelada contou com a adesão das associações e mostrou as diferentes receitas e variações com o doce mais típico do concelho."
"Além da animação de época, para recordar o foral manuelino foi distribuída uma brochura com a transcrição dos dois forais atribuídos a Proença, com um enquadramento histórico feito pelo professor António Manuel Silva."
"Seguiu-se a apresentação de um livro sobre o ciclo do linho, da autoria de Manuel Lopes Marcelo." "No livro “Bailado de sonho – As voltas do linho”, são transcritas as músicas e letras de 15 cantigas relacionadas com o linho. Cinco delas foram interpretadas por elementos do Rancho Folclórico de Aranhas, no concelho de Penamacor, terra natal de Lopes Marcelo. Lembrando a importância que a temática do linho tem na nossa região, o presidente da Câmara, João Paulo Catarino, elogiou o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelo autor, “defensor das nossas raízes”."
"Seguiu-se a apresentação de um livro sobre o ciclo do linho, da autoria de Manuel Lopes Marcelo." "No livro “Bailado de sonho – As voltas do linho”, são transcritas as músicas e letras de 15 cantigas relacionadas com o linho. Cinco delas foram interpretadas por elementos do Rancho Folclórico de Aranhas, no concelho de Penamacor, terra natal de Lopes Marcelo. Lembrando a importância que a temática do linho tem na nossa região, o presidente da Câmara, João Paulo Catarino, elogiou o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelo autor, “defensor das nossas raízes”."
A animação contou ainda com "karaoke, com o microfone
aberto a todos os que quiseram contribuir para a diversão e soltar a música."
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NB: As fotos acima são do Jorge Alves (Tesoureiro da LAVRAR). Obrigado, primo.
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NB: As fotos acima são do Jorge Alves (Tesoureiro da LAVRAR). Obrigado, primo.
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quinta-feira, 26 de julho de 2012
Noutros tempos... (2)
5 - As tulhas e o lagar:
Depois de descido o vagão da prensa, há que desenceirar, isto é, retirar o bagaço das ceiras que foram apertadas. Esse bagaço servia para alimento dos porcos (ver abaixo, sobre a vianda)...
Como últimas tarefas, temos a medição do azeite, verificar a sua acidez e, por fim, fazer a maquia (retirar algum azeite para ficar em posse do lagar, como pagamento do trabalho efectuado)...
Creio que todos conhecerão a palavra vianda, que significa a comida para os porcos preparada com restos das refeições das pessoas, podendo ser adicionados outros ingredientes. Na nossa terra, os porcos eram alimentados com esses restos aos quais, muitas vezes, se adicionava farinha, para a mistura ficar mais forte...
Além destes restos, os porcos eram também alimentados com abóboras, chilas, beterrabas, batatas (completas ou só as cascas), couves e outras hortaliças. E, enquanto havia, bagaço de azeitona. Este bagaço era trazido do lagar para junto de casa. Era despejado numa tulha, onde era calcado para se conservar até ir servindo para adicionar nas viandas.
No final do Verão, os figos das figueiras faziam as delícias dos animais... No princípio do Inverno, eram ainda alimentados com landes e bolotas varejadas dos sobreiros e azinheiras, mas como estas árvores começaram a escassear, há muito isso caiu em desuso...
Tanto quanto me parece (ou me lembro, de pequeno), antes da década de 1970, não era comum que em cada família da nossa aldeia se fizessem vinho, vinagre, aguardente ou jeropiga. Não havia essa "cultura do vinho", isto é, quase ninguém cultivava videiras em quantidade suficiente, nem o regime político existente (ditadura) o facilitava/incentivava. Pelo contrário, havia até uma perseguição à feitura caseira dessas bebidas...
Mas, depois do 25 de abril, tudo mudou: começaram a plantar-se videiras em praticamente todas as hortas. Nalguma divisão da casa ou anexo, quase todos arranjavam uma pequena adega, onde ficava um ou mais pipos (normalmente eram de madeira). Construíram também locais próprios para pisar as uvas: lagares. À medida que era feita a pisa, o mosto era retirado para os pipos. E aí era feita a fermentação do resto do mosto com as cascas e grainhas (bagulho), durante cerca de 9 dias e, depois, fazia-se a aguardente, no alambique comunitário (ver artigo de out2010).
Era costume, nas nossas casas, conservar uvas durante mais uns meses, após a vindima, dependurando-as nos tectos das lojas ou salas (quanto mais fresca a divisão, melhor). Também se fazia o mesmo com os marmelos. (...)
(Nota: maior desenvolvimento deste assunto em artigo de 26jun2013)
Toda a gente sabe o que é um arado e para que serve. No entanto, nem todos (principalmente os mais novos) tiveram a possibilidade de observar os tipos de arado usados na nossa aldeia.
Como os solos das nossas terras contêm geralmente uma pequena camada arável, os arados/charruas eram muito simples, quando comparados com outras zonas do país. Possuíam apenas um espigão ou bico (relha) e uma cauda (rabiça), que o lavrador segura pela mão. À frente, para ajudar a deslizar no solo, uma pequena roda. Os mais antigos eram totalmente de madeira, sem roda, claro. (Ainda me lembro deles). Depois surgiram os de metal/ferro. Nestes, a relha (parte afiada que rasga a terra) era aparafusada e substituída quando ficava muito desgastada ou se se partia, o que às vezes acontecia devido a alguma rocha ou até raiz de árvore mais firmes...
Depois de lavradas as terras das hortas, para ajudar a apanhar restos de ervas ou para desfazer as irregularidades deixadas (cômaros), passava-se com uma grade por cima. A grade podia também ser de ferro ou madeira, tinha pequenos dentes e era usada tanto com os dentes virados para baixo ou para cima, consoante o estado do terreno que se queria "agradar" (gradar)...
Para aumentar o peso do utensílio, usava-se às vezes pedras ou lajes por cima, principalmente se era de madeira, mais leve. Ou, então, o peso de quem andava a lavrar, guiando o animal com as rédeas viradas para trás, mais compridas...
A azeitona, depois de apanhada e já limpa das folhas, era transportada para próximo dos lagares. Havia dois lagares: o de Cima, junto ao cruzamento da Bairrada/Pracana/Carvoeiro (M537), e o do Baixo, depois (abaixo) do Mesão Frio. Aí, cada família possuía uma tulha onde a azeitona era depositada, aguardando que chegasse a sua vez de ser moída. Neste espaço de tempo, que podia ser de várias semanas, aí era conservada, compactada.
Cada tulha tinha uma largura que variava de cerca de metro e meio até 4 ou 5 metros. Era construída em pedra comum da zona (xisto) e, às vezes, revestida de cimento. No fundo, possuía um pequeno buraco por onde escorria alguma "albufeira", que se formava pelo facto da azeitona estar apertada...
Tulhas do Lagar de Cima (entre o Vale da Carreira e o Mesão Frio)
Créditos de Museu Nacional de Etnologia e Benjamim Pereira
As sacas eram despejadas uma a uma e, com o auxílio dos pés e dum maço de madeira, era bem calcada. No final, colocavam-se por cima algumas pedras grandes (por vezes em cima de ceiras).
Quando chegava a altura de ser moída, retiravam-se as pedras. Depois enchiam-se cestos e levava-se a azeitona para um local próximo do pio/galgas, onde era gradualmente despejada. Nalguns lagares isso era feito para uma área superior do lagar. Daí saía uma rampa própria, por onde escorria a azeitona, à medida que o lagareiro o desejava...
No interior do lagar, o lagareiro e seu(s) ajudante(s) executam uma série de tarefas, das quais salientamos: moer (lançar a azeitona no pio, onde as galgas rodam e a calcam); enceirar (colocar a massa/pasta resultante dentro das ceiras); prensar (apertar/espremer hidraulicamente as ceiras empilhadas no vagão); vigiar o azeite que vai saindo da prensa para as talhas/tarefas (adicionando água quente da caldeira sobre as ceiras na prensa e ir purgando para retirar a albufeira, etc.).Depois de descido o vagão da prensa, há que desenceirar, isto é, retirar o bagaço das ceiras que foram apertadas. Esse bagaço servia para alimento dos porcos (ver abaixo, sobre a vianda)...
Como últimas tarefas, temos a medição do azeite, verificar a sua acidez e, por fim, fazer a maquia (retirar algum azeite para ficar em posse do lagar, como pagamento do trabalho efectuado)...
6 - A vianda dos porcos:
Creio que todos conhecerão a palavra vianda, que significa a comida para os porcos preparada com restos das refeições das pessoas, podendo ser adicionados outros ingredientes. Na nossa terra, os porcos eram alimentados com esses restos aos quais, muitas vezes, se adicionava farinha, para a mistura ficar mais forte...
Além destes restos, os porcos eram também alimentados com abóboras, chilas, beterrabas, batatas (completas ou só as cascas), couves e outras hortaliças. E, enquanto havia, bagaço de azeitona. Este bagaço era trazido do lagar para junto de casa. Era despejado numa tulha, onde era calcado para se conservar até ir servindo para adicionar nas viandas.
No final do Verão, os figos das figueiras faziam as delícias dos animais... No princípio do Inverno, eram ainda alimentados com landes e bolotas varejadas dos sobreiros e azinheiras, mas como estas árvores começaram a escassear, há muito isso caiu em desuso...
7 - Vinho, vinagre, jeropiga e aguardente:
Tanto quanto me parece (ou me lembro, de pequeno), antes da década de 1970, não era comum que em cada família da nossa aldeia se fizessem vinho, vinagre, aguardente ou jeropiga. Não havia essa "cultura do vinho", isto é, quase ninguém cultivava videiras em quantidade suficiente, nem o regime político existente (ditadura) o facilitava/incentivava. Pelo contrário, havia até uma perseguição à feitura caseira dessas bebidas...
Uns dias antes da apanha das uvas, o(s) pipo(s) era(m) posto(s) na rua, e a madeira era forçada a inchar, com água abundante, até estar bem vedado e poder receber o mosto.
O mosto da pisa das uvas era posto a fermentar nos pipos, adicionando-se um pouco de aguardente. Durante cerca de 2 a 3 meses, aí ficava a fermentar até "desdobrar", isto é, o mosto deixava de ser adocicado e se transformava em vinho. Havia quem lhe juntasse um pouco de fruta (maçã, amoras..), na parte final, para dar aroma...
Por vezes, acontecia que o mosto não desdobrava mas azedava: em vez de vinho, fazia vinagre. Era uma chatice (!), mas sempre se conseguia vender ou dar algum aos vizinhos, que quase sempre ficavam satisfeitos por não necessitarem de o comprar nas mercearias...
Na nossa casa (e em muitas outras), à saída da pisa, era costume a mãe fazer jeropiga. Numa garrafa quase cheia de mosto era adicionada alguma aguardente (mais ou menos na proporção de 3 para 1) e, se o mosto não for muito doce, um pouco de açúcar... Pouco tempo depois (cerca de um mês), essa bebida podia ser consumida, principalmente para aquecer as gargantas, nas manhãs frias de outono...
8 - Uvas e marmelos dependurados pela casa:
Era costume, nas nossas casas, conservar uvas durante mais uns meses, após a vindima, dependurando-as nos tectos das lojas ou salas (quanto mais fresca a divisão, melhor). Também se fazia o mesmo com os marmelos. (...)
(Nota: maior desenvolvimento deste assunto em artigo de 26jun2013)
9 - Arado, charrua e grade:
Toda a gente sabe o que é um arado e para que serve. No entanto, nem todos (principalmente os mais novos) tiveram a possibilidade de observar os tipos de arado usados na nossa aldeia.
Como os solos das nossas terras contêm geralmente uma pequena camada arável, os arados/charruas eram muito simples, quando comparados com outras zonas do país. Possuíam apenas um espigão ou bico (relha) e uma cauda (rabiça), que o lavrador segura pela mão. À frente, para ajudar a deslizar no solo, uma pequena roda. Os mais antigos eram totalmente de madeira, sem roda, claro. (Ainda me lembro deles). Depois surgiram os de metal/ferro. Nestes, a relha (parte afiada que rasga a terra) era aparafusada e substituída quando ficava muito desgastada ou se se partia, o que às vezes acontecia devido a alguma rocha ou até raiz de árvore mais firmes...
Depois de lavradas as terras das hortas, para ajudar a apanhar restos de ervas ou para desfazer as irregularidades deixadas (cômaros), passava-se com uma grade por cima. A grade podia também ser de ferro ou madeira, tinha pequenos dentes e era usada tanto com os dentes virados para baixo ou para cima, consoante o estado do terreno que se queria "agradar" (gradar)...
Para aumentar o peso do utensílio, usava-se às vezes pedras ou lajes por cima, principalmente se era de madeira, mais leve. Ou, então, o peso de quem andava a lavrar, guiando o animal com as rédeas viradas para trás, mais compridas...
domingo, 27 de maio de 2012
Noutros tempos... (1)
Hoje, vou aqui começar este tema, de forma abrangente,
reunindo uma série de actividades mais ou menos antigas... (Reparem que já me
sinto na dúvida se hei-de passar a usar o NAO - Novo Acordo Ortográfico! Na
dúvida, e dada a polémica que se tem levantado sobre o mesmo, creio que, a
partir de agora, não o vou usar: é curioso que até a
própria sigla me parece ajudar!!! Que acham?).
Mas, como dizia, vou reunir aqui, para
ir actualizando, uma série de actividades e tradições típicas da vida
quotidiana das gentes da nossa aldeia e que estão a passar à história, ou seja,
foram total ou parcialmente abandonadas, mas que mostram o carácter e a
vivência dos nossos antepassados. Neste caso, relato aquilo de que me lembro;
portanto, desde o final dos anos 50... Já agora, se me quiserem fornecer mais
dados, aceito-os, agradecido, pois de muita coisa me vou esquecer nos assuntos
a tratar.
(Nota: Vou escrever um pouco
cada dia, para me poder ir lembrando do máximo de detalhes... E esperar por
vós, pela vossa participação - contacto por e-mail, comentários, etc.!!!)
Eis, então:
1 - A
salgadeira:
(Ver também o artigo sobre a matança do porco:
http://vale-da-carreira.blogspot.com/2010/03/matanca-do-porco.html)
http://vale-da-carreira.blogspot.com/2010/03/matanca-do-porco.html)
O animal mais criado para o
fornecimento de carne era o porco. Porque não havia electricidade na nossa
aldeia, as carnes de porco que não se consumiam no imediato eram salgadas, em
sal grosso, e colocadas em camadas nas salgadeiras.
Eram de madeira e tinham pés ou ficavam
apoiadas em paus, para que não ficassem assentes no chão e, assim, permitir que
algum do líquido (salmoura) que escorresse não fizesse apodrecer a madeira. E
assim, ao longo de todo o ano, à medida que era necessário, se retirava do sal
as peças de carne conservada.
É claro que, com o tempo, alguma carne
sempre ganhava algum ranço (ou arranço), ficando amarelada... Sobretudo se o
sal se derretia à sua volta e se não fosse vigiada...
Cabeça, patas e mãos costumavam ser
colocadas no fundo. Depois, bandas de toucinho, costelas e lombos ou
lombinhos. Os presuntos e chispes também lá ficavam, mas apenas durante
cerca de 2 a 3 meses, sendo, depois, retirados e colocados ao ar, depois de envoltos
numa capa especial de pimentão, etc. Mais tarde, depois de terem sido fumados,
havia quem colocasse na salgadeira também os enchidos.
As excepções à salgadeira, além do
fumeiro, eram: a conservação em azeite de enchidos saídos do fumeiro, dentro de
talhas de barro; febras ou costeletas em banha derretida...
2 - A
talha das azeitonas:
Quase tão fundamental como ter pão, era
ter azeitonas o ano inteiro. Dizia-se que desde que houvesse pão e azeitonas já
não se passava fome! Uma mesa onde não houvesse azeitonas não estava "bem
composta"...
Após a apanha da azeitona, a grande
maioria desta era destinada à produção do azeite, nos lagares. No entanto,
alguma era seleccionada para ser comida. Se se pretendia logo para as semanas
seguintes, era retalhada (com uns golpes), às vezes passada por água a ferver
e, de seguida, metida em água que se mudava frequentemente. Antes de ser
comida, adicionava-se-lhe uns grãos de sal...
Uma maior quantidade de azeitona
destinada ao consumo era colocada dentro duma talha com água. Assim ficava,
simplesmente de molho, durante cerca de um mês. Depois, era lavada (retirada
alguma mole ou podre) e regressava à talha. Adicionava-se-lhe, então, o sal
(farpão, limão...) e assim se conservava para o resto do ano...
Normalmente essa talha era muito grande
(as famílias também costumavam ser grandes e o ano é longo!) e (lembro-me bem)
era uma trabalheira levar essa talha para a rua, onde se costumava mais
facilmente proceder à operação de mudar a água da azeitona!
3 - O fumeiro: enchidos e o paio "nascediço":
Após a matança do(s) porco(s), era
tradição, no mesmo dia, serem feitos os primeiros enchidos (ou chouriças, termo
genérico para os enchidos): as morcelas. É fácil perceber porquê: a carne
ensanguentada e o sangue usado era mais facilmente deteriorável. Por
outro lado, as morcelas não precisavam de ficar a ganhar sabor, como as outras
carnes que eram temperadas, com sal e outros condimentos, e ficavam vários dias
a apurar/marinar...
As morcelas, depois de feitas, levavam
uma fervura de alguns minutos, eram postas a escorrer/arrefecer e logo
colocadas no fumeiro. Por isso, as morcelas, após terem sido esquentadas,
ficavam prontas a poder ser comidas. Muitas das vezes, no dia da matança ou no
seguinte, era hábito comer couves com carne (cozido próprio onde entrava
obrigatoriamente a morcela nova, os bofes, etc.)
À medida que se desmanchava o animal,
eram separadas as diversas carnes que iriam servir para os restantes
enchidos. (Ver ainda o artigo da matança do porco - 22mar2010) - Nos
dias seguintes, eram feitos os restantes enchidos: magras, mouras, bucho,
bexiga, rosqueiros, paios e, por fim, as farinheiras.
Quando o fumeiro estava completo, dava
gosto olhar para aquela quantidade enorme de "chouriças". Era normal
as farinheiras serem em maior número, as que levavam menos carne (juntamente
com farinha, ficando, assim, mais baratas). Eram, pois, o enchido que mais
frequentemente acompanhava as comidas ao longo do ano. Alguns enchidos, como os
paios, ficavam restringidos a ser comidos em ocasiões mais especiais, visto que
eram relativamente poucos, pois eram feitos das tripas grossas do porco -
intestino grosso - que não dava para muitos!...
De entre os paios, havia um, enorme e
grosso, a que era dado o nome de "nascediço" ou "nacediço"!
A malta costumava brincar com esse nome, por se confundir com "não se
disse": - "Como é que se chama aquele paio?" -
"Nacediço!" - "Então porque é que estás a dizer?"
4 - As arcas dos cereais:
Tal como as
salgadeiras, eram de madeira e muitas vezes afastadas do contacto directo com o
chão, para não absorverem a humidade (no inverno). O trigo, centeio e milho,
depois de trazidos das eiras, eram para aqui despejados e se conservavam ao
longo do ano. Paralelamente, havia por vezes também arcas para a farinha dos
mesmos cereais: depois de moídos, a farinha era trazida em taleigos e para aí despejada, onde se conservava até ao seu consumo...
Havia muito o hábito de esconder ou
conservar algumas frutas e pão no meio dos cereais!... Talvez para desviar a
atenção dos ratos, mas era frequente estes abrirem buracos nas arcas, sobretudo
nas partes mais escondidas, sem serem detectados e por aí entrarem e fazerem o
seu roubo!
Convém lembrar que, nas casas rurais,
os ratos sempre foram um grande problema, tentando apoderar-se dos bens dos proprietários.
Por isso, não havia família que não possuísse pelo menos um gato ou gata. Além
disso, estes animais eram (e são) uma protecção contra alguns insectos e répteis...
(Ao contrário, os cães eram muito pouco habituais na nossa aldeia...)
sábado, 14 de abril de 2012
O pontão
O pontão era um dos lugares muito típicos da nossa aldeia, principalmente antigamente. Por baixo dele passa a barroca da Corga. Com muros dum e doutro lado da estrada, na curva mais apertada da aldeia, era aí que muitas vezes o pessoal, principalmente os mais novos, se juntava para conversar e conviver.
O pontão.
Fosse apenas para observar a água que corria veloz por baixo, quando havia maiores enchentes, ou para apanhar sol, conversar ou ajudar a passar o tempo, encostávamos-nos ao muro, ou sentávamos-nos encima...
Às vezes, alguns dos rapazes mais destemidos mostravam as suas habilidades, quer andando por cima dos muros ou passando duma ponta à outra, apoiados nos braços por cima e com as pontas dos pés num estreito friso da parte de trás deles... Era um desafio perigoso, mas não me lembro de alguém ter tido azar!
Vou referir aqui ainda outros acontecimentos passados junto ao pontão, que recordo como se fossem de agora.
Ali se ouviram muitas histórias da guerra nas ex-colónias ("do ultramar", como o regime lhe chamava). Nomeadamente, o Aníbal e o António ("Lavradores"), bem como o Manuel Alves. Os que os ouviam ficavam impressionados com os relatos, grande parte das vezes horríveis, mas mesmo assim não arredavam pé e assim se entrava, às vezes, pela noite dentro com muita atenção ao que era contado...
Era ali que os rapazes mais novos iniciavam e terminavam corridas ao desafio, organizadas pelo Sr. Bonifácio, quando este vinha de Lisboa para a nossa aldeia, a fim de passar uns dias de férias ou descanso... Os vencedores de cada corrida recebiam dele alguns tostões! Eu, por ser mais novo ou mais lento, normalmente não me safava!... Depois, quase sempre lá se ia ao Mesão frio trocar os tostões por rebuçados e sempre me tocava algum...
Uma vez, num Domingo à tarde (por volta de 1980), enquanto havia muita gente por ali, começou a ouvir-se o barulho dum automóvel, que vinha de baixo, a grande velocidade! Ao tentar fazer a curva, derrapou e despistou-se, embatendo num monte de lenha que estava na ribanceira, tendo ainda sido detido pelas rodas presas num tronco de árvore (creio que de eucalipto) que estava estendido na berma da estrada. De dentro do carro saíram apressadamente os ocupantes, um dos quais com a cabeça a sangrar. Pensou-se que se tinha magoado no acidente, mas veio a constatar-se, depois, que afinal já vinha ferido, por ter caído na ribeira do Freixoeiro e estava a ser levado para o Hospital de Proença... Daí a grande velocidade a que seguiam... Do despiste não resultou grande coisa, o carro foi puxado para a estrada e lá seguiram apressadamente o seu caminho, com o amigo ferido... Mas foi cá um susto para todos!...
Hoje, o pontão está mais bonito: pintado e com reflectores Não me consta que tenha havido por aqui grandes "aceleras", mas, pelo sim, pelo não, e dado que são vários os perigos dentro da aldeia, vamos solicitar que a Câmara se digne colocar sinalização que limite a velocidade dentro da aldeia, digamos para os 30 ou 40 km/h.
Hoje, o pontão está mais bonito: pintado e com reflectores Não me consta que tenha havido por aqui grandes "aceleras", mas, pelo sim, pelo não, e dado que são vários os perigos dentro da aldeia, vamos solicitar que a Câmara se digne colocar sinalização que limite a velocidade dentro da aldeia, digamos para os 30 ou 40 km/h.
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Se alguém se lembrar de mais histórias aqui passadas, que diga... ou que corrija alguma informação prestada.
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